ASPECTOS DA MORTE
A morte é um assunto que, sem dúvida, deixa qualquer pessoa triste. Mas, deve haver também, um aspecto de gratidão pela vida daquele que teve seu falecimento ocorrido, além de uma esperança viva acerca do reencontro que haverá entre aqueles que serviram a Cristo aqui neste mundo. Apresentamos três verdades acerca da morte.
ASPECTO GERAL: A morte como maldição
A morte não é algo natural. Deus não fez o ser humano para que morresse. A morte veio ao mundo como resultado do pecado humano (Gn 2.15-17). A morte, como consequência do pecado (Gn 3) abrange a morte física e a espiritual, pois o homem é composto de corpo (físico) e alma (espírito). Por isso, podemos afirmar, num sentido mais profundo, que a morte é a separação do ser humano de Deus, em contraste com a verdadeira vida, que é a comunhão com Ele.
Ao pecarem, no Jardim do Éden, os nossos primeiros pais ficaram sujeitos à morte eterna que é uma separação eterna da presença do nosso amado e bondoso Deus. Tal separação ocorreria a partir da morte física (Gn 3.19), a qual é consequência do pecado e não é algo natural (Rm 5.12). Entretanto, cristãos também creem nas boas novas de salvação.
ASPECTO PARTICULAR: A morte como bênção
A boa notícia revelada nas páginas das Escrituras Sagradas é a de que Jesus venceu a morte; Ele assumiu a natureza humana e morreu por nós para, pela morte, destruir a própria morte (Rm 6.9). Sendo assim, a morte, para os crentes, já não é mais condenação. A nossa morte física não é mais uma punição pelos pecados; para Cristo o foi. A morte vem sobre os crentes como resultado de vivermos em um mundo decaído, onde os efeitos do pecado ainda não foram removidos: envelhecimento, doenças, prejuízos, e desastres naturais). Para os crentes a morte é fonte de bênção: traz fim a muitas coisas, como pecado, aflições, dores, medos, angústias e todo tipo de mazelas decorrentes do pecado de nossos primeiros pais.
Pela morte nos livramos de nossos pecados e entramos nas riquezas de Cristo. O apóstolo Paulo diz que a morte é o último inimigo a ser vencido (1Co 15.26). A morte, para o cristão, não é um término, mas um novo e glorioso início. A morte não é o fim (propósito final de Deus). A vida com Cristo na eternidade é o objetivo e propósito do Senhor para os que O adoram. Por isso, aqueles que partem deste mundo aguardam a ressurreição do corpo para viverem com Deus de forma completa: corpo (ou alma) e espírito. Eles se encontram no chamado Estado Intermediário.
A CONDIÇÃO DO CRENTE MORTO (o Estado Intermediário [entre a morte e a ressurreição] para os crentes)
Nos primeiros séculos do Cristianismo, alguns (Agostinho) pensavam que os cristãos ou ficavam descansando (um sono da alma, uma “animação suspensa da alma”) ou ficavam sofrendo até a salvação ser completada (Purgatório da Igreja Católica).
Alguns reformadores rejeitaram (Calvino) e outros concordaram, pelo menos em parte (Lutero), com essa interpretação. Teólogos modernos também continuam a concordar e a discordar. Mas, em que nós cremos? Cremos que, ao partir deste mundo, os crentes em Cristo experimentam a continuação da existência pessoal com Cristo. Em outras palavras, na morte, o ser humano não é aniquilado e o crente não é separado de Cristo (Rm 8.35-39).
A separação ocorre entre corpo e alma/espírito; os descrentes são mantidos sob punição por Deus até o Dia do Juízo (2Pe 2.9); mas, para aqueles que morrem com Cristo, há conforto e consolo (Lc 16.25; Lc 23.42-43; Fp 1.20b-23; 2Co 5.8).
CONCLUSÃO
A morte não é algo natural. Deus não fez o ser humano para morrer.
Cristo a venceu. A morte (seu aspecto de condenação eterna) não tem mais poder sobre nós; ela é bênção para o cristão. A morte é o único meio (exceto àqueles que estiverem vivos quando Jesus voltar) pelo qual um crente pode se encontrar diretamente com Deus. O crente vai ressuscitar na volta de Cristo e receberá novo corpo e estará para sempre com o Senhor.
Pr. Américo Lamas de Menezes é pastor da Igreja Reformada do Pará (IRPA) e presidente do Instituto Reformado Bíblia Surdos. Aluno egresso do Seminário Equatorial.