O AMARGO SABOR DE DOPAMINA BARATA
Em um longínquo país do oriente, onde os cômoros ondulantes se estendem até o horizonte e os ventos sussurram segredos antigos e misteriosos, vive um jovem chamado Pródigus. Ele é o filho mais novo de um próspero fazendeiro, pai amoroso, compassivo e cheio de graça, mas o coração de Pródigus ardia de desejos por aventuras e liberdade além das fronteiras da fazenda.
Pródigus é um jovem rapaz alto e esguio, com cabelos negros desgrenhados que caem desalinhados sobre sua testa. Seus olhos estão cheios de vivacidade, brilhando com uma mistura de curiosidade e desejo por aventuras, com uma alma inquieta sempre em busca de emoções fortes e prazeres mundanos.
Com um sorriso cativante, Pródigus esconde um ar de arrogância e confiança em si mesmo, atraindo a atenção por onde passa, com seu charme magnético e sua energia contagiante. Certo dia, alimentado por sonhos de grandeza e descontente com a monotonia da vida rural, Pródigus confronta seu pai e exige sua parte da herança.
Com o coração pesado e cheio de dor, o pai concede o pedido de Pródigus, e o jovem parte em busca de uma vida de prazeres e emoções sem limites. Pródigus encontra-se imerso em um mundo de festas desenfreadas, extravagância e luxúria e se entrega aos prazeres efêmeros que a cidade tem a oferecer, buscando preencher o vazio em seu coração com a dopamina barata das sensações passageiras.
No entanto, à medida que o tempo passa, Pródigus descobre que a vida que ele buscava tão avidamente não é o paraíso que ele imaginava. Cada gole daquela dopamina barata deixa um sabor amargo em sua boca, um lembrete constante de que ele está longe de casa e longe da verdadeira felicidade. Em sua hora mais sombria, Pródigus se encontra sozinho e desamparado, cercado pelas ruínas de suas escolhas imprudentes. É então que ele se lembra do calor da lareira e do cheiro da comida caseira de sua casa, e o arrependimento começa a brotar em seu coração.
Com o coração compungido e revestido de grande humildade, Pródigus decide voltar para o seio paterno, não mais como o filho devasso em busca de aventura, mas como um filho arrependido em busca de perdão e redenção. Num reencontro cheio de emoções, pai e filho se abraçam ternamente enquanto lágrimas de alegria fluem livremente de seus olhos, produzindo a maravilhosa e efusiva dopamina da felicidade verdadeira.
A notícia do retorno de Pródigus se espalha rapidamente pela vila e logo os vizinhos se reúnem para testemunhar o milagre da restauração e cantam louvores, agradecidos por esta lição da graça divina, culminando com um fim apoteótico e emocionante, onde o amor triunfa sobre o orgulho, a reconciliação supera a separação e a família é restaurada em uma celebração de alegria e gratidão.
Pastor Elidio Queiroz
Pastor da Primeira Igreja Batista do Aurá na cidade de Ananindeua -Pará
Foto Ilustrativa: Artista Pompeo Botrim. O retorno do filho pródigo – ano da obra 1763