O CETRO NÃO SE AFASTARÁ DE JUDÁ
“Depois que Jesus nasceu em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, magos vindos do oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: ‘Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo” (Mateus 2:1-2).
Gostaria de refletir, em algumas breves palavras, acerca dos primeiros versos do segundo capítulo do Evangelho segundo Mateus, no qual somos apresentados aos famosos Magos, ou Sábios, do oriente.
No primeiro versículo deparamo-nos com o contexto daquele nascimento. Um contexto político, cabe dizer. É dito que nasceu em Belém, nos dias do rei Herodes. Belém é a “cidade de Davi”, a terra onde haveria de surgir o “rei messiânico”, o verdadeiro governante de Israel. Herodes, porém, é o rei usurpador, a caricatura e paródia do Rei Messias, um mero peão na estrutura governamental romana.
Então, em Jerusalém chegam “magos”, vindos do “oriente”, perguntando pelo rei dos judeus. Eles haviam visto a estrela no oriente e desejavam adorá-lo. Não adentrarei o assunto da estrela, se ela fora ou não um fenômeno espacial específico. Não é nosso propósito aqui. O importante é que saibamos quem poderiam ser os tais “magos”.
Na acepção da época, a palavra “mago” (mágoi, em grego) poderia designar: a) um sábio persa, versado na astrologia oriental e na filosofia grega, bem como alguém dado à religiosidade pagã; b) um adivinho; c) um sedutor e um enganador (At 13:10).
É mais provável que os magos de nossa narrativa estejam entre os da primeira opção. Isso nos leva a pensar que, em Mateus, estes sábios orientais sejam o símbolo da religiosidade e do espírito filosófico do ser humano que, mesmo que não se tenha ainda curvado-se a Jesus, pode já apontar um caminho para ele e abrir, no deserto do coração humano, uma via ao Deus Menino.
Os Pais da Igreja interpretaram a narrativa como fazendo referência a “três” sábios, tomando este número de Salmos 72:10. Diziam que os sábios representam os três continentes da terra e as três idades da vida humana (infância, adultice e velhice). Assim, todas as expressões da vida humana e da criação encontram a sua realização em Cristo – o verdadeiro Homem.
Os sábios, portanto, querem-nos representar um início de uma grande procissão que percorre a história inteira. Trata-se do lento encaminhar-se da humanidade para o Cristo através das formas mais elevadas de sua existência no mundo – a religiosa e a filosófica. Contanto que saibam ler os céus, e não se fechem os olhos à “estrela que brilha no oriente”.
Pastor Marcone Luiz Baima Pessoa Júnior.
Aluno egresso do Seminário Equatorial